segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Nise da Silveira

"Genial" é um adjetivo muito vago para essa mulher.

Depois de se formar num colégio de freiras que na época era exclusivo para meninas, entrou na Faculdade de Medicina da Bahia (onde era a única mulher numa turma de 157 alunos), foi uma das primeiras mulheres do Brasil a se formar em medicina. Como não conseguia ver sangue, com 27 anos, em 1933, começou a trabalhar no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha. 

Na época, os psiquiatras eram quem precisavam frequentar manicômios: praticavam lobotomias, tratamentos com choques elétricos, e coisas do tipo. Nise acreditava que não era certo praticar tais atos com pacientes que não tinham condições emocionais para se defenderem. Certo dia, ela se recusou a dar um choque em um dos pacientes e assim surgiu uma unidade de terapia dentro do hospital, área que os outros médicos torciam o nariz por considerar as terapias da moça sem sentido. 

O que eles faziam nesse espaço? Ao invés de ficarem jogados nos cantos de um enorme pátio, Nise criou uma oficina de arte. Deu-lhes lápis, argila, tinta e pincéis para que criassem.
Para a surpresa (e pra calar a boca) dos outros médicos, os resultados nos pacientes começaram a aparecer muito depressa: ela descobriu um universo riquíssimo nas mentes doentes. Por meio da arte, eles podiam expressar seus sentimentos e liberar sua criatividade, coisa que na maioria dos casos, não conseguiam fazer verbalmente. 

Pra deixar os outros médicos ainda mais fulos da vida, um paciente adotou uma cadelinha. Nise, vendo a visível melhora dele, resolveu encher o hospital de animais. Ela os usou para restabelecerem a relação de afeto que os internados tinham perdido em todos os anos que tinham ficado por lá. 

Em 1952, já com um bom número de obras de seus pacientes, criou o Museu de Imagens do Inconsciente. 

Vários ex-pacientes de Nise viraram artistas consagrados: Adelina Gomes, Fernando Diniz, Carlos Pertuis, Emygdio de Barros, e Octávio Inácio. A loucura acabou virando genialidade, tanto da parte de Nise quanto dos pacientes.







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